O comentário era a transcrição de uma notícia do JN de 22 de Junho de 2006:
"Tapete" de granito de olho no Guinness
Cinco calceteiros da Câmara fizeram o "tapete" durante uma semana
Chamam-lhe "tapete de granito" porque está na porta de entrada da quinta edição da Feira do Granito de Vila Pouca de Aguiar, que, de hoje a domingo, está patente ao público, junto ao pavilhão gimnodesportivo do Dr. Francisco Gomes da Costa. A verdade é que cinco calceteiros da Câmara suaram as estopinhas, durante uma semana, para concretizar um gigante quadrado com paralelepípedos , com cinco centímetros de aresta, em granito, "riqueza do concelho" que agora pode merecer candidatura ao Guinness, caso se consiga provar que é o "maior tapete em granito do mundo".
O quadrado, que conjuga três espécies de granito certificado (real, amarelo real e cinzento real), pesa várias toneladas e tem, gravada, a frase "capital do granito", desígnio que a Câmara reclama para o concelho. Com dez metros de comprimento e seis de largura, o "tapete", que cobre parte do passeio, foi uma ideia da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, que, pela voz do seu presidente, Domingos Dias, "poderá ser o maior do mundo, poderá merecer candidatura ao Guinness, mas, o que é importante, serve para divulgar a principal riqueza do concelho". A indústria de exploração e de transformação de granito emprega, no município, cerca de três mil pessoas.
Visto já como um "ex-líbris", o quadrado em granito servirá, por ora, como ponto de atracção para a feira, que pretende ser também uma festa, onde são esperados 50 mil visitantes. Para além da promoção do granito, e do concelho propriamente dito, o certame tem programados vários espectáculos de circo, musicais e pirotécnicos, bem como provas desportivas. Prevista está, também e para amanhã, a realização das primeiras Jornadas do Granito, que têm como pontos de discussão a recuperação ambiental e paisagística das pedreiras.
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O sucesso de eventos como este assentam em grande parte na originalidade. Por isso mesmo, mais que passar a ideia do evento, é importante realçar os objectivos a que ele se propõe.
Também dependemos económicamente da mesma indústria. Por isso mesmo, é necessário qualificar, certificar e promover o que temos de exclusivo. Hoje é possivel encontrar diversas casas que oferecem o granito "Amarelo Mondim". Dizem-no sem por vezes se aperceberem que Mondim é o nome de um Concelho. Dizem-no como se de uma marca se tratasse. Porque não certificar e registar esta marca? Só posteriormente se poderia promover algo de concreto e com isto oferecer um produto com valor acrescentado.
A quem competiria essa responsabilidade de criar as condições para a promoção e qualificação? Em Mondim estamos habituados a ver a autarquia distinguir muito bem o público do privado. Veja-se a atitude da Câmara de Vila Pouca com a realização desta Feira. Quem fica a ganhar? Quem chama a si o desígnio de "Capital do Granito" ou o ónus das três certificações? Numa altura em que se fala da imagem do município acredito que a certificação do nosso granito seria bem mais benéfico para esse objectivo. Não quero com isto retirar responsabilidade aos industriais, mas não podemos vê-los como principais interessados a partir do momento que são a base da sustentabilidade de um número significativo de familias do nosso concelho. Este argumento, é diversas vezes usado pelos próprios industriais quando nos deparamos com algum problema no sector. Pois bem, a autarquia poderá usa-lo do mesmo modo para sustentar qualquer conselho ou orientação que ache melhor para a rentabilização desta indústria. Afinal, quem ganharia com esta atitude mais interventiva serião todos os mondinenses.
Nota: Abrigado ao anónimo pela ideia, para o blog ou para a autarquia, para a próxima não hesite envie a ideia directamente para casadoeiro@gmail.com
3 comentários:
Caro senhoriu de certo que irei enviar!
Como tava com dificuldade em anexar a informaçã, optei por colocalo como post sabedo que era OFFTOPIC!
Aqui fica a cópia de um novo artigo (no Voz de Trás-os-Montes) sobre o assunto.
Realce para a preocupação, mais uma vez da autarquia, para a certificação, para a promoção internacional e para o facto de a tranformação estar aquém do desejado.
Começa hoje, em Vila Pouca de Aguiar, a V edição da Feira do Granito e do Concelho, um evento que, paulatinamente, se assume como o mais importante do género que se realiza no país. Cinquenta mil visitantes são esperados, de hoje até ao próximo domingo, na vila que é já conhecida (e com legitimidade) como a «Capital do Granito», tamanha é a vitalidade do sector. Para isto, concorre toda uma série de equipamentos e infra-estruturas que estão a ser criadas, naquele Município. Depois do Parque Empresarial, agora está na calha a construção do Centro Tecnológico do Granito. Verdadeiro laboratório, onde será apurada a qualidade e feita a certificação desta rocha.
A Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar tem ?responsabilidades? neste ciclo de desenvolvimento por que passa o sector. O seu Presidente, Domingos Dias, falou, ao Nosso Jornal, do futuro Centro Tecnológico, bem como nos fez o ponto da situação, relativamente à actividade.
GRANITO COMO PRODUTO CERTIFICADO
?Neste Centro Tecnológico, irá funcionar, futuramente, o espaço da Feira. Será o sítio privilegiado para o desenvolvimento de trabalhos, reuniões, seminários, acções de formação, conferências. Este Centro terá uma unidade de Certificação do Granito e vai ter a especificidade de certificar a qualidade. O granito que sairá para o mercado levará o ?carimbo? da origem e da qualidade, pela entidade. O Centro já está criado, pelo NIG, Núcleo de Apoio à Indústria do Granito, em que é parceira a Câmara Municipal, a UTAD, a AIGRA e a EDT?.
Domingos Dias acrescentou que ?em paralelo, serão desenvolvidas actividades de recepção a empresários, industriais e pessoas ligadas ao granito que queiram proceder à aquisição dos vários espaços. Funcionará como um pólo dinamizador do granito e será um centro de negócios. Neste Centro Tecnológico, serão desenvolvidas acções de investigação da pedra, recuperação ambiental de pedreiras, bem como os seus processos de recuperação, estudo e projectos de licenciamento?.
Segundo o que está calendarizado, ?deverá arrancar, no próximo ano, mas é uma parte que compete aos privados. A sua construção está avaliada em cerca de dois milhões de euros?.
A NECESSIDADE DE
TRANSFORMAR O GRANITO EXTRAÍDO
O concelho de Vila Pouca de Aguiar é responsável por cerca de sessenta por cento da produção nacional de granito. Porém, o sector da transformação do granito ainda tem pouca expressão, já que cerca de oitenta por cento do que se extrai não é, aqui, transformado.
?Queremos que este processo se faça, aqui, também. E estou ciente de que, se conseguirmos acabar com este défice, Vila Pouca de Aguiar será, sem dúvida, ainda mais, a Capital do Granito? - disse-nos o autarca.
?É uma riqueza geológica muito grande que já vem desde os tempos dos Romanos, Idade média e mais recentes. A Feira do Granito é o expoente máximo disto tudo. É uma dádiva da Natureza, transformada pelo homem em riqueza e a minha preocupação é extrair esta riqueza da Natureza, sempre com o sentido da sua preservação?.
O autarca admitiu que não tem sido fácil conciliar o equilíbrio ambiental com a exploração: ?No início, não havia qualquer sensibilidade, da parte dos industriais. Há cinco anos, era assim. Felizmente, hoje, os nossos empresários estão, cada vez mais, motivados, também eles, para a preservação do Ambiente e sabem quão importante é a manutenção deste equilíbrio. Criaram uma associação (AIGRA) que é um dos principais promotores, junto dos seus associados, para este respeito, pela Natureza e pelo Ambiente?.
NOVAS ACESSIBILIDADES DINAMIZAM O SECTOR
A existência de novas acessibilidades vai dinamizar, ainda mais, o sector: ?A Zona Industrial que temos, em Sabroso de Aguiar, está próxima da entrada da A 24 e, como tal, já há uma forte pressão, para a instalação de industriais, naquela zona. Temos o Parque Empresarial do Granito que se situa aqui, próximo da A 24 e da A 7 e que está a ter uma forte concorrência, para a instalação de industriais ligados à transformação do granito. Esta proximidade com vias que comunicam com a Europa com certeza que ainda vai trazer um maior incremento na exploração, exportação e comercialização do granito. Estas auto-estradas terão, no futuro, uma influência positiva, no desenvolvimento do sector?.
A realização destas feiras tem trazido retorno, na ideia de Domingos Dias:
?Acompanho, permanentemente, o evoluir da actividade do granito e, ainda há pouco tempo, na AIGRA, estão muito contentes, com a consolidação, a nível externo, do comércio do granito e batem o pé a outros granitos, de outros países, em termos de qualidade e conquista de mercados. Vamos ter 160 stands instalados. Em relação ao granito, serão cerca de quarenta. O resto diz respeito a outras actividades do concelho. Convém não esquecer que o certame, além do granito, refere-se, também, às actividades empresariais diversificadas do concelho. No certame, o visitante pode encontrar, ainda, a nossa gastronomia, mostra de máquinas e de outros produtos de Vila Pouca de Aguiar. Todos os dias haverá animação musical. Realço, principalmente, para os apreciadores deste tipo de música, a presença da Orquestra do Norte, para interpretar uma obra, cuja letra foi feita pelo Senhor Bispo de Vila Real, já que pretendemos homenagear os 25 anos de orientação diocesana de D. Joaquim Gonçalves?.
JORNADAS DEBATEM
PROBLEMÁTICAS EXISTENTES
As ?Primeiras Jornadas do Granito?, onde será debatida alguma problemática, relativa à regulamentação do sector, é um momento importante, na Feira. UTAD, Industriais e entidades debaterão, devidamente, este sector de actividade. De referir que três mil pessoas do concelho trabalham nela, o que é, por demais, significativo, quando se sabe que existem cerca de dezasseis mil habitantes, no concelho.
O Parque Empresarial do Granito, por sua vez, é uma estrutura importante.
?É uma aposta da Câmara Municipal, juntamente com a EDT. Procura cumprir duas coisas essenciais: primeiro, centralizar a transformação do granito, para facilitar a sua comercialização. Quem quiser procurar uma peça em granito sabe que a pode encontrar, neste local. E, depois, procurar ordenar a transformação do granito. Neste momento, já estão a ser instaladas algumas empresas, ligadas à comercialização. Estão a instalar-se, já quatro e, até final do ano, outras mais, referentes à transformação, vão, também, laborar. As obras estão, praticamente, concluídas. Para o Município, isto representou um investimento de cerca de seiscentos mil euros, podendo gerar mais cem postos de trabalho. Ou seja: resultantes da instalação de cinco fábricas de transformação e quarenta de comercialização e de outros produtos?.
A Feira do Granito é, essencialmente, temática, dirigida a industriais e outros agentes do sector, e será, futuramente, realizada no Parque Empresarial. A internacionalização do certame também é uma das apostas a alcançar.
?Decorrem contactos com a Feira de Madrid, com empresários italianos e galegos. Esta feira é uma montra daquilo que o concelho tem, no sector, e, também, representativa da realidade do concelho? - concluiu Domingos Dias.
De louvar a iniciativa da autarquia de Vila Pouca de Aguiar. Se conseguirem cumprir o seu objectivo de promover o seu concelho como Capital do Grannito toda a região envolvente (na qual se situa Mondim) passará a ser uma região de alguma forma periférica para o desenvolvimento deste tipo de negócio com os prejuízos mas também alguns benefícios que daí possam resultar.
Penso que a sugestão de copiar as boas ideias não é má, mas já vai um pouco tarde, capital só há uma e Vila Pouca andou mais depressa.
Na parte que me toca já me dava por contente se em Mondim se fizesse um controlo efectivo da Pedra que sai dos seus terrenos e que a riqueza da Pedra, (bem natural e que um dia irá acabar) ficasse por Mondim e pelos Mondinenses permitindo assim que com uma exploração consciente da Pedra pudessem resultar melhores condições para preparar o futuro.
Preocupa-me ver dezenas de camiões sem qualquer identificação carregados de pedra levando-a para outros locais onde irá criar emprego e riqueza ficando o concelho de Mondim como se costuma dizer "Sem pau e sem Bola".
Não sou nenhum fundamentalista e compreendo que a Pedra é um negócio sem o qual o concelho não pode passar, mas também tenho consciência que a Pedra não dura para sempre e que esta exploração selvagem não é solução para ninguém excepto para quem ilegalmente vem pela calada da noite ou escondido saquear aquilo que não lhe pertence.
Já que se falou em copiar deixem ir pouco mais longe. No Dubai todos os responsáveis têm consciência que o bem natural que possuem - o petróleo irá acabar, por isso os responsaveis por este País fazem agora um esforço para preparar o futuro com o turismo fazendo investimentos maciços nesta área acautelando-se e garantindo com isso rendimentos para os seus cidadãos no futuro.
Cada macaco no seu galho e cada coisa á sua dimensão , mas no meu entender esse é o caminho. Os recursos naturais só poderão ser vendidos se daí resultar algo que possa ter resultados futuros.
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