quarta-feira, abril 08, 2009

Mondim no Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2007

Foi hoje apresentado o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2007, realizado pela Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.  

Ao longo do dia de hoje alguma noticias foram surgindo nos vários orgãos de comunicação social, que podem consultar no Diário Digital, Público, Agência Financeira, Correio da Manhã e  Jornal de Negócios.

No caso especifico de Mondim, estamos em grande:
  • Municípios com maior índice de conformidade total com o POCAL - estamos nos primeiros 32;
  • Décimo quarto Município que apresenta menor independência financeira (Receitas próprias/receitas totais);
  • Quinto Município que apresenta maior dependência das transferências do Orçamento do Estado;
  • Trigésimo primeiro Município com menor rácio receitas liquidadas/receitas previstas;
  • Vigésimo terceiro Município com maior índice de dívida a fornecedores relativamente às receitas totais do ano anterior;
  • Trigésimo terceiro Município com maior índice de endividamento líquido em relação às receitas do ano anterior;
Aproveitem e tentem comparar com os restantes munícipios de Basto. Apenas li que Ribeira de Pena, é o décimo primeiro Município com maior grau de execução da receita cobrada relativamente à receita liquidada.

E agora ... o que podemos fazer para melhorar? Aumentar taxas? IMI, IMT, IRS (as Câmaras também podem definir uma taxa) ...

3 comentários:

AtoMo disse...

Xô Borges,

Os conselhos finais são, de certa forma, um contra-senso. Não será com aumento de taxas que resolveremos os problemas financeiros da autarquia. Primeiro, porque tal como o anuário afirma, a dependência dos municípios pequenos das transferências do estado é de todo natural. O imposto que faz a "grande" diferença para esta conta é o IMI. Não temos aglomerados urbanos (ainda bem...), não há receita significativa por essa via.

Só há uma forma de ver as receitas de capital aumentar para estes Pequenos Municípios: projectos comparticipados aprovados.

Pessoalmente destacaria deste anuário a seguinte análise, que considero a mais pertinente para o nosso concelho:

"Da análise do grau de execução da receita verifica-se que 42 municípios
apresentam níveis de execução inferior a 50%. Trata-se de uma situação
de grande melindre, pois a aprovação das despesas sustentou-se no equilíbrio
orçamental ex-ante pelo qual a dotação orçamental da despesa é
igual à dotação total da receita prevista. Neste pressuposto, estes municípios
puderam no ano económico em causa e no processo de execução
orçamental, comprometer e contratualizar despesa até ao valor total da
receita prevista e não da receita arrecadada. Esta possibilidade legal é a
principal fonte de desequilíbrio orçamental ex-post, e a principal origem do
défice (dívida) público autárquico."


Mondim recorre sucessivamente a esta "permissão" legal para assumir compromissos que sabe à partida que não vai conseguir cumprir. Num orçamento que ronda os 15milhões, aproximadamente 6milhões estão condenados desde o momento em que são orçamentados. De dizer, que este valor, aumento dramaticamente ano após ano, ou seja, tal como explica o Anuário, mais não é, que o aumento do défice.

Reconhecida a escapatória, seria interessante ver iniciativas para a impedir, certo de que com isso, a transparência seria reforçado.

Rui Miguel Borges disse...

Caro AtoMo,

Sem dúvida que não é no aumento da receita que os nossos problemas se resolvem! Principalmente porque, como tu próprio relevas, existem expedientes para contornar orçamentos e assim ano após ano aumentar os défices autárquicos.

Era interessante perceber se temos autarcas, capazes de abdicar de alguma despesa para que voltemos a equilibrar as contas, seja em Câmaras ou Juntas! ;)

É óbvio que existem situações (candidaturas e realização de obras com recurso a fundos comunitários!) em que este expediente é necessário!

Joaquim Pires disse...

O aumento de impostos não resolve de todo o grave deficit orçamental, que é directamente proporcional ao deficit de qualidade daqueles que gerem o orçamento camarário. A adopção dessa medida seria ineficiente e injusta.
Ineficiente porque o problema é estrutural e não conjuntural. O actual executivo vem alimentando o leviatã de ano para ano. O monstro (deficit) tem crescido devido a duas razões captais. São elas a clara inabilidade para gerir, principalmente no que ao controle de custos diz respeito e a insustentavel fatia do orçamento destinada ao pagamento de salários e outros custos com pessoal.
Não é necessário ser perito em gestão financeira para perceber que há uma clara inefeciencia na afectação dos recursos ao dispor do executivo camarário. Basta recordar a última obra que exigiu maior esforço financeiro, que foi muito provavelmente a zona verde construida em 1995 (14 anos), contabilizar as obras feitas posteriormente e confrontar isso com o facto de a Camara municipal de Mondim de Basto ser uma das mais endividadas do país.
Um dado que ressalta do anuario e que a priori pode não parecer muito mau, é a posição relativa à conformidade com o POCAL. Pode não parecer muito mau mas de facto é. O que é que aconteceria a um responsável pela contabilidade de uma empresa privada, se os seus registos contabilísticos não estivessem de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade. Isto só demonstra a falta de rigor por parte de quem gere os dinheiros publicos, falta de rigor que não é exclusivo da CM de Mondim mas que se verifica por todo o país. As câmaras municipais têm sido um sorvedouro de dinheiro nem sempre aplicado da forma mais racional. Infelizmente Mondim é pródigo nesse capítulo.
A outra causa de desiquilíbrio orçamental; a despesa excessiva com funcionarios que representa 61% das despesas currentes é mais dificil de resolver e também difícil de conceber nos dias de hoje. É inclusive dificil de abordar por parte da oposição, que não ganha nada em apreguar que não serão admitidos novos funcionários e serão dispensados os que estiverem em regime de contrato, se é que existe algum nessa situação.
Aumentar os impostos nomeadamente o IMI e o IMT seria injusto, principalmente na actual conjuntura em que o rendimento disponivel das familias atingiu níveis preocupantes. O aumento de impostos no contexto de crises como a que estamos a atravessar é altamente pernicioso.
A falta de qualidades técnicas e de rigor daqueles que definem a politica orçamental autárquica e a desmesurada verba despendida com funcionários cujo recrutamento mais parece servir fins políticos do que colmatar necessidades reais, estão a asfixiar as finanças da autarquia e consequentemente a comprometer as gerações futuras.
Quanto à solução penso que não é necessário um grande exercício mental.