terça-feira, dezembro 23, 2008

Pardelhas - "Nenhuma terra é bonita, quando nela se vive mal"

Para nos fazer pensar, partilho este texto do Blogue - Pensar Basto! Sobre a nossa freguesia mais pequena e rural - PARDELHAS

Mensagem: Nenhuma terra é bonita, quando nela se vive mal 

10 comentários:

Carlos Leite disse...

Caro Rui Miguel Borges.

Antes de mais permita-me agradecer-lhe por ter feito referência ao texto reflexão sobre Pardelhas...
Não sei o que se passa por essas bandas para deixarem chegar ao estado que se encontra aquela aldeia. Não percebo a ausência de estratégias para combater o seu isolamento, quando ainda lá vivem “muitas” pessoas.
É bom que todos os Mondinenses e todos os outros habitantes de Basto conheçam a realidade das terras em que vivem...apontem também vocês neste espaço estratégias para o desenvolvimento da vossa freguesia.
Bem hajam.

AtoMo disse...

Conciliar qualidade de vida e preservação do património não é matéria fácil.

Modo geral são apresentados como incompatíveis. Muito pouco se tem feito para as conciliar.

Quem pensa a curto prazo, é levado pela permissividade de permitir que cada um usufrua de tudo a que tem direito. A longo prazo, sem capacidade para competir com a oferta das Vilas, e sem o seu património preservado, pouco fica para oferecer.

É impossível perceber que planos tem o concelho para as suas aldeias. A continuar no mesmo rumo, nem qualidade de vida nem preservação do património restará.
O investimento em infra-estruturas ou actividades é todo ele concentrado na Vila. Ao mesmo tempo, que se permite a descaracterização, com construções desordenadas para evitar a desertificação. Incoerências!

Se nenhuma outra Luz se acender entretanto, o futuro destas aldeias passa obrigatoriamente pela sua preservação. Diria mais: se acreditamos que o futuro de Mondim é o Turismo, então o futuro de Mondim passa ele também por estas aldeias.

Que poderá Mondim oferecer caso estas 3 ameaças se concretizem: aldeias descaracterizadas, represa no Olo e o Monte Farinha despido?

"Nenhuma terra é bonita, quando nela se vive mal"... há portanto que potenciar e salvaguardar a beleza dessas Terras para que nelas se viva bem!

Carlos Leite disse...

Boa análise caro Atomo.
A questão de Pardelhas, é muito delicada, devido ao isolamento físico da Freguesia, no entanto este isolamento é fictício e nem sempre real, pois associamos esse isolamento à distancia de uma Vila ou cidade, mas ao mesmo tempo podemos pensar a coisa ao contrário, pois esse isolamento e consequente dialogo de proximidade com a Natureza pura pode potenciar um bom nicho turístico, mas é preciso combater mesmo assim o isolamento, psicológico em que aquela aldeia vive,"Aqui não há nada", de certo modo é passado para a cabeça daquelas pessoas que não têm nada, e na realidade têm tudo, mas por explorar.
Acho importante neste caso de pardelhas a elaboração de estratégias para fixar jovens na freguesia, dando-lhe incentivos, para que em contrapartida dessem algum apoio e sentimento de ligação ao mundo daquela população. Não sei se a internet móvel , por exemplo tem lá boa captação, porque se tiver é um bom meio de ligação ao mundo, não sendo preciso escalas em Mondim, para compras, para trabalho etc…

E porque não, a própria autarquia abrir lá um pequeno comercio, que para um privado não deve ser rentável, abarcando assim a autarquia algum prejuízo mas ao mesmo tempo prestavam um "serviço" aquela comunidade, e o prejuízo dessa lojinha comparado com outros, em investimentos mais fúteis, seria reduzido.
Mais pensamentos em

www.pensarbasto.blogspot.com

( na caixa de comentários também)

AtoMo disse...

Há realmente argumentos, que para algumas pessoas, tornam estes locais apelativos. Numa altura em cada vez mais se fala em novos modelos de sociedades, em stress, em sustentabilidade.... Há uma enorme janela que trás alguma esperança para estas aldeias.

Mas para algo ser feito, é necessário acreditar nesses sinais. E Mondim não acredita!

Um mesmo investimento em infraestruturas básicas que é recusado a estas aldeias para servir 10 famílias, é efectuado de bom grado na sede de concelho para servir somente uma.

É pois muito difícil elevar a discussão sobre medidas para contrariar a desertificação quando actualmente se gere acreditando no fim das mesmas aldeias.

Rui Miguel Borges disse...

Amigos!

Podia começar aqui com um discurso fatalista e dizer o que não foi feito nos últimos anos! ... Mas podem consultar diversos artigos neste mesmo blog sobre este tema.

Penso que o primeiro passo é disponibilizar condições básicas às pessoas que aqui habitam. Um exemplo claro é a deficiência no abastecimento água e a inexistência de saneamento. Acho que sei estas condições básicas satisfeitas é começar a casa pela telhado.

Carlos Leite disse...

Nestas coisas do planeamento, e das políticas por mais que pareça absurdo não existe uma receita nem uma metodologia de construção…pois esse tipo de bases que o caro Rui Borges fala, não são deveras prioridades no meu entender… estaríamos sujeitos a construir essas infra-estruturas para que todo o conjunto fosse abandonado. Pelo que me parece o grande inimigo á fixação de pessoas naquela região não é a falta dessas valências(que são valências), mas que devem vir inerentes num pacote de medidas e nunca isoladamente, por falar em isoladamente, esse sim parece ser o grande “ini”amigo desta terra. É preciso estudar as especificidades é preciso atribuir uma estratégia concisa de fixação e atracão de população. Não é por essas duas infra-estruturas que fixamos ali população.

AtoMo disse...

Concordo quando afirma que as infra-estruturas por si só arriscavam a ser também elas abandonadas. Isto na base da inconsequência das mesmas quando apresentadas de forma isolada. Mas esse é à partida uma possibilidade que é posta de parte por aqueles, que como nós, se propõem discutir, conscientes da importância e das dificuldades. Sabemos que só um projecto consertado poderá inverter esta situação. Se realmente acreditamos no futuro destas aldeias, e no sentido de as salvaguardar quanto antes de problemas maiores, as infra-estruturas básicas são no âmbito de uma iniciativa consertada, uma prioridade. São para além de tudo aquilo que elas proporcionam, quer ao nível da salubridade e ambiente, um sinal dessa mesma crença.

Quanto ao isolamento, no seguimento de várias tomadas de posição minhas, julgo que a mobilidade é a solução para este problema. Se realmente não podemos por questões de rentabilidade fixar serviços nessas aldeias, então há que levar os serviços até lá (unidade móvel de saúde, posto móvel de acesso adsl, serviços sociais itinerantes...) ou trazer as suas gentes a usufruir dos serviços onde eles se encontram (piscinas, actividades desportivas, eventos culturais....).

Assumir uma postura solidaria na questão da mobilidade é quanto a mim essencial na preservação da vida nestas aldeias. Porque no restante que concerne a qualidade de vida, elas por si só, tendem a ganhar novos residentes, que lhes reconhecem valores que os núcleos urbanos não podem oferecer.

Importava também discutir um pouco, do que futuramente estas aldeias rurais, cercadas de terrenos férteis, podem vir a representar num novo modelo de sociedade que há bem pouco tempo foi levado bem a sério. Mas isso são outras conversas!

Carlos Leite disse...

mobilidade...de ideias principalmente!é preciso inventar e reinventar estas aldeias...as especificidades a cultura hospitalidade e autenticidade destas, devem ser as alavancas a ter em conta...dota-las de meios para atrair turistas e investidores é tambem um aspecto a ter em conta, mas sempre com as origens em mente...apartir do momento em que uma tradiçao ou cultura deixa de se inovar entra em decadencia.

prometo , para breve um texto no Pensar Basto sobre o que penso para o futuro destas aldeias...receitas a aplicar na generalidade, e depois algumas ideias a aplicar em lugares especificos.

www.pensarbasto.blogspot.com

AtoMo disse...

Penso que estamos abordar duas questões indissociáveis mas distintas.

É necessário perceber qual o futuro destas aldeias no sentido de "rentabilizar" tudo aquilo que entendamos ser as suas potêncialidades. Correcto. Não dá para discordar.

Mas não devemos ignorar o que de imediato deve ser feito para melhorar a qualidade de vida nessas aldeias. São medidas que podem e devem ser accionadas independentemente dos projectos que visem tornar estas aldeias menos dependentes de uma gestão solidária.

Carlos Leite disse...

Sim acho que as medidas a tomar devem ser imediatas, mas não precipitadas, é preciso saber e bem o que se pretende para aquelas pessoas e lugares a longo prazo.
O futuro até pode passar por uma gestão e por um funcionamento abrangente, tipo em rede, quer com outras aldeias próximas e não independente, acredito que numa fase futura estas aldeias se forem objecto de uma boa intervenção, possam prescindir uma gestão solidária por parte da autarquia, mas no inicio terão que o ter, porque actualmente não possuem recursos...
Uma das grandes questões neste caso de solidariedade, muitas vezes é enganadora, porque ao contrario daquilo que parece as nossas terras do interior é que são solidárias com as do litoral, pois recebemos menos que o que pagamos em impostos. Falando destas aldeias o caso pode-se aproximar...comparado com a gestão por parte das autarquias. Será?