sábado, setembro 17, 2005

Socrates - O Grego

Participo neste blog desde o seu auspicioso início. Candidatei-me ao lugar de Dias Verdes por puro prazer ecológico e ambiental. Vejo-me, ciente das margens de erro que isto das introspeções costumar dar, como um tipo de pensamento socrático, não do Sócrates político que temos como ministro (coisa que não me entusiama praticamente nada) mas do Grego, do tal que afirmava só saber que nada sabia. Tenho um prazer endémico em questionar tudo em geral, mas um prazer acrescido, confesso, por questões da coisa pública. Não que a idade interesse mas a verdade é que já não sou própriamente um teenager. Não sendo a idade sinonimo obrigatório de sabedoria é, no entanto, uma ferramenta preciosa ao nível do conhecimento. E aplico esta teoria nos dois sentidos: potencialmente maior em relação aos jovens e menor em relação aos mais velhos que eu. Tento ser elástico nos três sentidos. Transpondo isto para uma hieráquia familiar digamos que me vejo na situação de pai sendo também e ainda filho. Ora reunidas estas condições e sendo como atrás disse um discipulo (fraco) de Sócraes tudo, para mim poderá ter explicação e tudo para mim poderá ser questionado.
Acredito que quando aquilo que escrevo e que possa ser visto por outros torna-se num acto que conscientemente sei ser público e de cariz social. É disso que se trata. Escrever sobre o que nos rodeia. Incluindo os outros aos quais também rodeamos.Gosto deste blog por todas estas razões e
apenas neste caso, estou em vantagem em relação ao Grego. Falo numa linguagem que nem ele próprio imaginou. Este diálogo informático trouxe uma nova visão sobre o anonimato. A nossa cultura sempre condenou, e bem, essa vergonhosa personalidade do anonimato. Contudo algo se transformou nesse conceito. Passou a haver uma espécie de ingénuo e inocente anonimato. Claro que a sua figura ancestral não desapareceu e quem gosta do anonimato vergonhoso e displicente pode-o muito bem continuar a sê-lo e neste caso a Internet é mais uma ferramenta como o eram os boatos sem rosto, as cartas e os telefonemas anónimos,etc.`É claro que um anonymus com nick não deixa de o ser mas na prática só a sua conduta irá fazer esta diferença. Eu pertenço aos anonymous identificados e faço questão que entre muitos sirva para uma comunidade de informação séria, irreverente, partilhadora... enfim, socrática.
Fernando Pinto está á vinte e tantos anos á frente dos destinos de Mondim como concelho.
Isto, - só por si, entenda-se -, faz dele um mau candidato á eleição que se avizinha? Óbviamente que não. E ao dizer isto não só sei que tenho razão como sei que haverá quem ria e quem concorde. Aliás o blog é prova disso. Para uns é de um lado para outros é doutro e restam ainda os que não têm opinião formada e os que não concordam nem para um nem para outro lado.
Os que riem são normalmente ou quase sempre os do outro lado. Os correlegionários que apupam
os seus fernandos pintos e aplaudem os seus mesquitas machados. São para mim os sem opinião. Forma-se e desforma-se conforme as conviniências.
Por outro lado quem concorda, invariávelmente, e mais que não seja por tantos anos de convivência, acomoda-se. Habituou-se a ver Mondim naquela versão edílica tipo estado novo. O tal cantinho sossegado e de bons costumes. Com a vida de certo modo organizada e confortável os filhos a seguir a sua vida profissiobnal, seja na Câmara seja onde for. Que motivos terá essa familia
para votar na mudança. A vida como que lhe sublimou os erros que embora admitindo que os houve
não foram suficientes para o converter á oposição. Ainda para mais quando vê que da própria oposição fazem parte pessoas que já o eram á outro tanto tempo e também eles fazem parte deste todo que é o "Status Mondinense". Deram a cara, também eles, pela causa publica e, não obstante o facto de terem estado no outro lado da barricada os livra como por milagre da história mondinense do final do século 20. Há quem advogue como arma de arremeso que a história de Mondim nos últimos anos em questões de progresso cabem apenas numa folha. Eu acrescentaria que a ser assim ainda sobrava lá no fundo um pedacinho de papel suficiente para acrescentar a proficua história da oposição.
Fernando Pinto candidata-se ao seu sétimo mandato. Em todos os anteriores foi legitimado pelo voto e dentro das regras democráticas estabelecidas na nossa legislação. É um facto incontornável. Existe a sensação que Mondim poderia ter evoluído mais e melhor.É uma realidade.
No entanto Fernando Pinto tem o direito, por muito extremo e controverdo que possa parecer, de se recandidatar a novo mandato. Têm-no no plano intrinsecamente pessoal e nas regras democráticas que vigoram no nosso país. Aos opositores e á oposição em particular cabe-lhe, uma vez mais, provar que trás consigo ideias claras de desenvolvimento e gestão. Em suma, argumentos válidos para captar para si todo este pressuposto descontentamento. Nas sete anteriores eleições nunca o conseguio. Esta aguardamos para ver. Penso que está mais em causa a vitória de um do que a derrota de outro.Como se diz no futebol a pressão está no lado dos visitantes. Até porque Fernando Pinto sabe muito bem, e todos nós o sabemos, que algum dia vai ter que sair. A questão põe-se para ele apenas nestes termos: - de ser um dia pelo próprio pé ou perdendo a eleições. Este blog nasceu para discutir Mondim. É uma oportunidade para demonstrar o pensamento mondinense. A verdade é que somos pobres a discutir Mondim. Tal como somos pobres a discutir Portugal.
A Casa é um reflexo disso mesmo. Se é um dado adquirido que este blog abriu uma janela nova na sociedade não deixa de ser verdade que a participação fica aquém das expectativas. Da parte de Fernando Pinto nunca tivemos o prazer, da sua colaboração. Da parte da Oposição fica no ar a ideia que se serviram deste blog apenas para receptáculo de informação panfletária quando o que seria de esperar era uma participação dinâmica no debate. Obrigação civica e demonstração de querer participar activamente e de direito neste novo milénio. Inovem os que se pretendem inovadores. Acusar os adversários de imobilismo é fácil. Na prática ficar imóvel á espera que os outros caiam é desolador. Não se esqueçam que agora a história também passa por aqui. Indelevel aqui permanecerá. Todos nós fazemos parte dela. Uns por participação e outros por omissão. Ao cidadão comum fica o pedido de mais participação. Aos que dão a cara politicamente fica a exigência. Aos que neste contexto se propõem mudar fica a obrigatoriedade.
Afirmo-o consciente de ter neste blog um espaço de discussão de cidadania, livre de qualquer pressão politico-partidária, económica e social. Somos afinal um grupo de pessoas. Essas mesmas que na altura das eleições vão votar. Essas mesmas que os politicos dizem viver para servir. Essas mesmas que mesmo não estando á frente de orgãos de decisão contribuem de facto para que Mondim evolua e não se perca apenas em lutas de poder. Para mim não é fundamental saber quem vai para lá mas sim aquilo que fez ou demonstrou saber fazer para merecer ir para lá. Surpreendam-nos com algo de realmente inovador. Sujeitem-se à critica construtiva. Mostrem realmente aquilo que dizem valer. Á data não vimos nada.
Digamos que neste ponto Fernando Pinto é o único que, por direito próprio, pode permitir-se a pensar que já não precisa de convencer ninguém. Todos o conhecem. No bem e no mal. E no entanto ele lá anda. Acabo este meu texto com a consciência tranquila de quem escreveu o que lhe ía na alma. Sem certezas. Sem dogmas. Sem pretensiosismos.E deixo ficar uma pergunta no ar:
- Imaginem Fernando Pinto a ganhar novamente as eleições. Que legado ou justificação nos deixa a oposição? Nomeadamente o Partido Socialista, A Comissão Política do PSD...todos os outros.
- Imaginem que Fernando Pinto perde as eleições. Aqui a resposta é mais simples e resume-se apenas ao fim de um longo ciclo de reeleições constantes.
A ver vamos.
Saudações Mondinenses

3 comentários:

Anónimo disse...

Ao Socrates - O Grego
Parabéns pelo texto. Deliciei-me com a tua reflexão. Gostava de te conhecer pessoalmente e trocar contigo algumas ideias, para o nosso concelho.
A César o que é de César.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

parabéns pelo texto...

Anónimo disse...

Grande intervenção. Assim este blog parece mais isento, pois até agora dava a sensação de ser mais um blog "anti-Fernando Pinto"...