quinta-feira, outubro 06, 2005

O essencial e o acessório

O que nos move quando falamos de Mondim de Basto? Que prazer é aquele que nos invade quando, por exemplo, trazemos uns amigos forasteiros à nossa terra e vemos a sua satisfação ao desfrutarem esta vila? Será pela magia do Monte Farinha? Não duvido que em grande parte o seja, mas não é tudo. Será pelos rios e florestas que nos percorrem e inundam por todos os lados? Certamente. Mas não é tudo. Será pelo pequeno, mas presente, charme de aroma cosmopolita com que Mondim presenteia os forasteiros e amigos que por cá passam e por cá se deleitam? Absolutamente. Mas também não é tudo. Ora bem e o que é que Fernando Pinto tem a ver com isto? Provavelmente muito. Dirão uns. Absolutamente nada. Dirão outros. Nem tudo nem nada. Digo eu e provavelmente mais alguns. Bom mas o essencial neste assunto é que Mondim no seu universo autárquico passa obrigatóriamente por FPM. A nossa mentalidade colectiva nos ultimos vinte anos foi moldada nesta forja. Negar este facto é por a cabeça na areia. Historicamente é legitima a propaganda.
É claro que esta terra no sentido político do termo deve tudo, - PORQUE OUTRO NÃO HOUVE - a Fernando Pinto. Para o bem e para o mal. É uma questão incontornável. Senão a quem deve? - Será ao PSD? Provavelmente quando por este partido FP alinhou e ganhou. - Será ao CDS? -Provavelmente quando por este partido ele alinhou e ganhou. Será á Oposição? ......................................................................................aqui, para já, deixo a resposta ao vosso critério.
Esta terra, autárquicamente falando, sublinho, deve tudo a Fernando Pinto na medida em que os mondinenses (a sua grande maioria) assim o quis. Não foi uma auto-proclamação. Não foi a tomada da Bastilha. Foi fruto da democracia. Não há volta possível a dar-lhe. Nem pode haver. Alguns mondinenses tem que assumir sem complexos sem exageros e sem dramas esta história. Os mondinenses (a sua grande maioria) expressaram-no inequivocamente nas urnas 6 (seis)! vezes seguidas. Eu ou qualquer um de nós no seu lugar poderíamos ser tentados a pensar o mesmo. Então porque não manifestá-lo?
E não me venham com conversas redutoras e patéticas do votar em consciência porque além de conversa elitista e presunçosa é, acima de tudo, um atestado de menoridade a todos os que livre e secretamente expressam o seu voto nas urnas. Longe de olhares alheios. Aliás é essa mesma presunção que alguns dos nossos bloguistas aqui bem expressam quando ao manifestarem uma opinião se referem sempre no plural com afirmações do tipo: Todos nós sabemos que ...; todos os mondinenses sabem que..., querendo justificar - usurpando ao plural - uma opinião singular. Este sintoma, na minha estrita opinião, é típico de mentes conservadoras e preconceituosas que teimam falar e teorizar em nome do povo como se o povo fosse uma massa única e indivisível sem voz própria. Isto sim é revoltante. Fazem a apologia da democracia e da liberdade de escolha por um lado, mas se nas urnas a coisa não corre de feição é um ai que me acudam, é o povo que vota coagido, é o povo que tem medo de votar em consciência, é o povo que não entendeu a mensagem, dando com tal leitura uma verdadeira machadada na liberdade e na responsabilidade de escolha de cada indivíduo. Ninguém vota melhor que o outro. Pensar nestes termos é sectarismo opressivo e cinzento.
Será que com isto eu Dias Verdes penso que nos últimos vinte anos Mondim progrediu tudo o que tinha a progredir? Claro que não. Podia ter progredido muito mais e porventura muito melhor se por exemplo tivesse havido uma oposição á altura, tanto na critica como na cooperação. Se os mondinenses fossem, por natureza, mais reivindicativos e dessem sinais claros ao executivo para imprimir outras velocidades. Quem sabe se não seria diferente. E aqui também a oposição perdeu o seu papel fundamental de informar os cidadãos que, por variados motivos não teve acesso privilegiado a certos assuntos e, com esta falta de atitude, empenhou o direito de ela própria figurar honrosamente na história mondinense. Claro que tudo isto não passa de meras hipóteses perdidas que irão ficar para sempre no limbo porque, como todos sabemos, a realidade foi outra. A oposição pactuou historicamente com Fernando Pinto deixando-lhe só a ele este legado. Ele reclama-o na sua propaganda. Para uns é ostensivo. Para mim é linear.
Todos nós temos o direito de divergir e contrariar. As campanhas valem o que valem. Os candidatos valem o que valem. O voto é soberano. O direito de votar em quem se quer é supremo. Aliás o meu artigo é uma apologia a esse direito:
-Liberdade; Responsabilidade de escolha; Direito à diferença; Direito à iniciativa. Sem colisões. Com objectividade. Com tranquilidade. Com lucidez.

10 comentários:

AtoMo disse...

Será que percebi bem? O charme e o aroma cosmopolita de Mondim é um prazer para os forasteiro com o "dedo" de Pinto de Moura?

AtoMo disse...

"é, acima de tudo, um atestado de menoridade a todos os que livre e secretamente expressam o seu voto nas urnas"
Ao colocar esta frase desta forma, isolada, não está a ser diferente de um Eng. Socrates que recorre a ela sempre que atacam o seu governo.

Já aqui se falou dos votos comprados, podemos falar do medo e acima de tudo, podemos falar do eleitor com pouca formação e pouco exigente que tantas vitórias tem dado a Fernando Pinto. Admito excepção à regra, mas a partir do 4º mandato, o eleitorado que elegeu Fernando Pinto foram os acima mencionados.

Esta discussão pode manter-se aberta sem chegarmos a conclusão alguma, isto porque debatemos sem dados concretos. Mas não tenho a mínima dúvida que o eleitorado jovem, o eleitorado exigente, não vota Fernando Pinto.

AtoMo disse...

Recusar admitir que a ignorância e pouca informação/formação do eleitor são um problema da Democracia, é passar o essencial para acessório.
Este é um problema grave. Mais grave se torna quando um candidato se acomoda a ele com intenção de ganhar votos. Que faz o PSD nos seus comícios ao não falar numa ùnica proposta e limitando-se a manter a porta aberta e a propagandiar que são de Mondim contrariamente aos opositores? Está ou não a aproveitar-se da pouca formação do eleitorado?
Aconcelho-o mais uma vez a comentar o panfleto do PSD, e depois diga-me se sabem ou não para quem o fabricaram, ou ainda, se se trata de um documento aceitável para quem esteja minimamente alerta.
Estou como o diz o Atum.... não seja brincalhão!!!

AtoMo disse...

É bom saber que até estava a brincar. Quanto ao fazer dos outros leigos... são opiniões, opiniões de quem normalmente defende o poder.
Reparo que os comentários aos comentários são sempre muito evasivos. Fogem ás questões colocadas. Ok. Estratégia de quem está no poder, não gosta de ser confrontado com a realidade.

AtoMo disse...

O comentário das 11.36 foi o cúmulo da recusa de encarar a tal realidade...

Uns votam no Mal Menor outros ainda acreditam que "delegam em alguém que confiam"! Quem serão os crentes no meio disto tudo?

AtoMo disse...

Penso que a base desta discussão assenta num espaço bem definido: Mondim. Pelo menos é o que entendo do post inicial. Vai sentir essa animação de votar em quem confia no dia 9 de Outubro?

AtoMo disse...

Caro Dias Verdes,
o senhor, mais uma vez fugiu à questão, pior, respondeu por mim?
Isso é a pior das estratégias, mas coaduna-se com o que tem vindo a comentar até aqui.
A minha posição assumo eu, como já assumi... a sua é um pouco mais problemática. Porque para uma pessoa que critica fortemente a oposição, só lhe resta a animação de delegar o seu voto no actual executivo ou em branco. Grande animação a sua!!! Mondim vai continuar a oferecer um aroma cosmopolita aos forasteiros!!! E tratar os residentes da forma que se vê!!!

AtoMo disse...

Residentes meu caro... mondinenses pois claro!!!
Saneamento básico é uma preocupação de todos os Mondinenses, só não o é, quando quem tem o poder de mostrar aos Mondinenses a falta que esta infraestrutura faz a qualquer concelho não o faz, sabendo quais os dividendos que daí tira. (Não informo/educo - logo tenho um eleitor à minha maneira)
Gabar-se de ter o maior "Hotel da Morte" da região, não dinamizando iniciativas de caracter lúdico para os idosos, e pior do que isso, não permitir que elas se realizem... é tratar bem os Mondinenses.
A inexistencia de apoio social domiciliário, que obriga os idosos a recorrerem ao Hotel... isso é tratar bem os Mondinenses.
Demorar 20 anos a construir um infantário, e quando o faz, fica-se pela vila. As freguesias continuam a não os ter, ou funcionam na casa do Povo em regime de transição... isso é tratar bem os Mondinenses.
Recusar pagar a uma empresa as refeições das crianças, ou não ter capacidade para criar uma cozinha para esse efeito... isso é tratar bem os Mondinenses.
Repare, fico-me pelas entranhas do mais básico que existe em política social.
Mesmo assim, já me sinto com o direito de falar em Mondinenses.

País Basto disse...

O povo decidirá...
Por muito que se discuta a discussão irá sempre terminar nesse ponto. Mas devo reconhecer que em alguns pontos é mais fácil que em outros que as pessoas possam efectivamente votar em consciência. Isso alarga a discussão para fora do âmbito regional e leva-nos para os níveis de desenvolvimento de uma democracia que já leva mais de trinta anos. Se assim não fosse, há alguma justificação plausivél para que as contestações no Marco de Canaveses (assumo que o exemplo não será o melhor) só tenham surgido sepois de Ferreiraa Torres ter saído de lá?

AtoMo disse...

Gabo-lhe uma virtude Dias Verdes, tem a capacidade de manter o blog vivo!!! Mas perceber o que defende, sinceramente, ainda não percebi. Deve ser esse o objectivo!