segunda-feira, março 13, 2006

Mondim de Basto vai ter rede de saneamento e água

Quase dezoito milhões de euros de investimento

O concelho do distrito de Vila Real que apresenta mais constrangimentos, em termos de saneamento e rede de distribuição de água, aderiu ao Sistema Multimunicipal do «Vale do Ave», para a construção e gestão, por parte desta empresa, da rede de saneamento. Com cerca de noventa e cinco por cento a «descoberto», em termos de cobertura básica de saneamento, e cinquenta por cento, em termos de rede de distribuição de água, a Câmara Municipal de Mondim de Basto decidiu avançar, para a resolução destas carências. Será a empresa "Águas do Ave" a implantar a rede e, futuramente, a gerir a recolha e a exploração. O abastecimento de água tem um projecto que prevê, dentro de ano e meio a dois, dotar todo o concelho de uma rede de distribuição do precioso líquido, sendo, neste caso, a obra promovida pela edilidade.

Segundo o Presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto, Pinto de Moura, o custo deste empreendimento está orçado em cerca de treze milhões de euros, verba suportada pela "Aguas do Ave", situada em Guimarães, mas com ajuda de fundos comunitários.

Concelho está na cauda do distrito, em termos de saneamento

Trata-se de um dos maiores investimentos feitos em saneamento, no distrito de Vila Real. Irá contemplar um concelho situado na cauda do distrito, em termos de existência destas infra-estruturas. Neste momento, existe, apenas, saneamento básico na vila e em alguns dos seus arredores. Os esgotos são, na sua maioria, dezenas de fossas sépticas, espalhadas pelo concelho, o que obriga, permanentemente, ao seu esvaziamento.

Para a empresa do Vale do Ave, é o primeiro projecto "penetrante", no distrito de Vila Real.

O Presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto, Pinto de Moura, fez o ponto da situação, ao Nosso Jornal, relativamente a esta importante obra, cujo reflexo, na qualidade de vida das populações, terá grandes repercussões.

"Em relação ao saneamento, vamos aderir à empresa Aguas do Ave. É uma opção nossa e será esta empresa que vai fazer e gerir, depois, a exploração do sistema. Neste momento, temos saneamento na vila e pouco mais" - confessou o autarca, referindo que "o Município de Mondim de Basto já tinha elaborado um projecto e um estudo para a implantação da rede de saneamento básico. Porém, independentemente de outro estudo, feito pela empresa Águas do Ave, esta empresa aproveitou alguns aspectos do nosso documento, ambos semelhantes. As obras de implementação do saneamento poderão rondar os treze milhões de euros, investimento que será assumido pela empresa" - disse.

Água actualmente existente não chega para as necessidades, especialmente no Verão

Embora, em termos de impacto ambiental negativo, o actual cenário, quanto à ausência de uma rede adequada de saneamento, ainda não se faça sentir, admitiu Pinto de Moura que "o certo é que a instalação desta rede irá ter efeitos e, essencialmente, precaver a ocorrência de qualquer incidente ambiental. Em termos de abastecimento de água, todo o concelho será coberto. Actualmente, há deficiências, principalmente de ordem quantitativa. Os mais de quarenta pontos de nascente de água, existentes nas aldeias, não chegam, no Verão, para as necessidades, o que provoca transtornos no abastecimento".

A não adesão da Câmara Municipal de Mondim de Basto, até agora, a qualquer sistema multimunicipal de águas e saneamento, foi-nos explicado por Pinto de Moura: "Não aderimos, pois já temos abastecimento de água em alta e metade da obra já está realizada. O resto está a concurso, sendo que os estudos já estão feitos e, neste momento, está a ser elaborado um projecto de abastecimento de água ao concelho que irá resolver, de vez, este problema. Assim, no que ao abastecimento de água diz respeito, carência premente do concelho, será a edilidade a assumir a construção da rede de distribuição que ainda falta e que ronda os cinquenta por cento, uma situação que deverá ficar resolvida daqui a um ano e meio" - assegurou Pinto de Moura.

Defesa da sanidade e qualidade está garantida

A nova captação de água será localizada num dos pontos mais profundos do rio Tâmega, situado na periferia do concelho de Mondim de Basto com o de Ribeira de Pena. Esta decisão foi tomada após a efectivação de alguns estudos sobre o local mais propício à captação de água. Depois, será implementado o respectivo sistema de bombagem e distribuída, por gravidade, para o concelho. Não será criada qualquer barragem. Esta obra também será financiada por fundos comunitários.

"O objectivo é, pelo menos, possuir mais água" - afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto, para acrescentar que "os parâmetros de sanidade e qualidade serão cumpridos, com os tratamentos impostos por lei". Com esta decisão, a edilidade vai "pôr fim à carência do precioso líquido, principalmente no Verão, em quase todo o concelho, à excepção da vila que já vai buscar água ao rio. Se não, não tínhamos hipóteses".

O concelho de Mondim de Basto possui uma área de 172,1 km2 e tem cerca de 8.500 habitantes, espalhados por oito freguesias.

Tratamento de águas residuais provenientes de unidades industriais

De referir que a "Águas do Ave,S.A" foi constituída, a 14 de Maio de 2003, numa parceria entre a Adp - Água de Portugal, SGPS,S.A, e a AMAVE - Associação de Municípios do Vale do Ave, da qual fazem parte os oito Municípios abrangidos pelo Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento do Vale do Ave: Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Guimarães, Vizela, Santo Tirso, Vila Nova de Famalicão e Trofa; e, mais recentemente, na componente de saneamento, Celorico de Basto e Mondim de Basto. Segundo a empresa, a "Águas do Ave" apresenta uma solução integrada para o Ambiente da região: gestão profissionalizada, soluções técnicas adequadas, tarifas socialmente aceitáveis, capacidade, "know-how" e domínio tecnológico reconhecidos, assim como racionalização dos investimentos.

O sistema das "Aguas do Ave" está dimensionado para recolher, tratar e rejeitar, anualmente, cerca de 59,2 milhões de metros cúbicos de águas residuais, urbanas, estimando-se que cerca de 24,8 milhões de metros cúbicos correspondam a águas residuais provenientes de unidades industriais, após serem sujeitas ao pré-tratamento necessário.

A Voz de Traz-os-Montes

2 comentários:

Anónimo disse...

sEM COMENTÁRIOS!...OU CEM COMENTÁRIOS?

AtoMo disse...

Merecia bem mais do que as tais questões mesquinhas... mas a ver vamos!

Penso que se trata de uma óptima notícia para todos nós. Ao ver a resposta imediata que a autarquia vizinha deu a esta proposta (há +/- um mês), pensei sinceramente, que nem assim nós iriamos ter uma rede de saneamento. Afinal parece que mereceu uma resposta positiva, e desta forma parece também estar encontrada a solução para um problema gravissimo. Estou, como todos os mondinenses devem estar, satisfeito com este desfecho.

Por outro lado, numa óptima notícia, podemos comprovar aquilo que todos já sabiamos: "(Mondim)o concelho do distrito de Vila Real que apresenta mais constrangimentos", "um concelho situado na cauda do distrito, em termos de existência destas infra-estruturas". E este, certamente já não é um facto do qual qualquer executivo se possa orgulhar. Muito pelo contrário. Mas a descrição dramática, parece aparecer para valorizar o feito. E assim, aquela que pode já ser considerada obra do mandato, cai no colo do actual executivo, fruto de um atestado de incompetência passado a várias autarquias pelo governo central.

Ficamos também a saber, que o saneamento em Mondim custará 18 milhões de Euros. Se a isto deduzirmos a parte suportada por fundos de coesão, que nestas obras atingem taxas bem elevadas, não me parece que fique uma soma tal, que justifique o facto de nunca se ter avançado com a obra.

Só mais um aspecto, a dada altura lemos: "Embora, em termos de impacto ambiental negativo, o actual cenário, quanto à ausência de uma rede adequada de saneamento, ainda não se faça sentir." Ouve-se regularmente falar, por exemplo, que a água recolhida nos furos da aldeia de Vilarinho já não é o que era. Uma das justificações é o elevado numero de fossas "sumidouras" particulares. Mas parece que ainda não se nota o impacto!!!???