domingo, julho 24, 2005

Vistas Curtas

Mais uma vez coloco um texto enviado por um nosso leitor e amigo, Joaquim José Pires com o título "Vistas Curtas".

Esta é a minha primeira participação no blog. Não queria avançar, sem antes louvar esta iniciativa e a agradecer aos seus mentores o facto de proporcionarem neste sítio, o debate sobre o nosso Concelho.
Vou escrever essencialmente, sobre um tema que me é muito querido e que já foi aqui abordado. Refiro-me ao turismo.
O turismo, a par da exploração do granito, são dois recursos potenciadores de criação de riqueza e como tal indutores do aumento do Bem Estar Económico e Social.
De facto a abundância de granito e a beleza telúrica das nossas terras, constituem matéria farta para merecer outra atenção por parte das entidades competentes.
Tal como na exploração do granito, o turismo em Mondim padece de uma patologia que parece ser genética, refiro-me á falta de estratégia. Infelizmente essa atitude claramente negligente - atitude que vem caracterizando o executivo autárquico na última década e que por insólito que possa parecer é partilhada por membros do próprio executivo - revela-se em toda actuação do executivo. Os efeitos desta inércia, no sector da exploração da pedra, são do conhecimento geral e são por si só reveladores da incompetência do executivo.
Cingindo-me ao que aqui me traz, ou seja a temática do turismo, mais concretamente a falta de estratégia, em relação a um sector que tem estado muito em voga nos últimos tempos, importa acima de tudo apresentar ideias sobre o sector e não ficar apenas pela critica.
O primeiro passo para a promoção turística, deve ser dado por quadros com competência nesta área. Não deve ser cometido o erro de entregar os destinos deste sector ou de qualquer outro a "habilidosos". Deve portanto, ser constituída uma equipa pluridisciplinar, que para além da competência é condição fundamental ter também paixão por esta área. No meu entender, deve ser esta equipa a definir a estratégia de promoção turística do Concelho. Estratégia essa que passaria pela identificação das potencialidades e fraquezas ou inibições.
Quanto às potencialidades elas são na generalidade do senso comum dos mondinenses, não só ao nível das belezas naturais mas também dos usos e costumes da região. Quanto às fraquezas ou inibições, que de certa forma possam obstar essa promoção, são evidentes as insuficiências a vários níveis, como por exemplo o alojamento, para receber grandes eventos, as acessibilidades, a fraca actividade cultural (dizer apenas que é fraca, é com muito boa vontade), fraca qualidade na oferta hoteleira etc. Se há quase vinte anos atrás, se iniciou uma infra-estrutura hoteleira ? e que infelizmente não foi concretizada - por se achar necessária para responder á procura essencialmente turística, essa necessidade é hoje maior, uma vez que é maior também o numero de visitantes. Porque é que decorrido este tempo, não foi encontrada alternativa? Uma vez que o famigerado hotel, nunca o será na realidade. Aqui entra a Casa da Igreja, mas reservo as apreciações sobre este assunto e outros para outro artigo.
É mais um mistério que está por desvendar. Como é que foi possível, construir dois edifícios contíguos ao dito hotel, um dos quais é uma autêntica aberração, esse a quem chamam de torre. E não conseguem desbloquear o impasse do hotel.
Quanto ao trabalho a desenvolver por essa equipa, ela deveria tomar em linha de conta como ponto fundamental da estratégia, a prévia definição de objectivos qualitativos e quantitativos, devem ser estabelecidos também, indicadores e instrumentos de medição de execução dos respectivos planos de promoção do Concelho. Por forma de conseguir rigor não só na projecção, mas também na promoção.Por outro lado, é importante estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas com potencial interesse no sector, de forma a criar:

  • Maior articulação e integração: produto promoção e comunicação
  • Maior percepção dos valores e da oferta turística do Concelho
  • Maior eficiência e eficácia dos investimentos promocionais
  • Melhor articulação de estratégias e coordenação de esforços no sentido de posicionar a "marca Mondim"

No essencial as parcerias resultam em ganhos de eficiência e eficácia e de investimento na acção promocional.

É uma ideia completamente descabida pensar-se que ao trazer cá Roberto Leal ou santos e pecadores se está a promover Mondim, quando muito promove-se os artistas (principalmente no caso dos santos e pecadores). As festas do concelho, sobre as quais alguém disse que assentam num modelo esgotado, opinião que corroboro, podem, num plano integrado de promoção contribuir para a divulgação da "marca Mondim", mas não nos moldes actuais. O concito que deveria estar subjacente às festas do concelho, deveria ser o que preside à feira da terra, mas com mais rigor e maior divulgação. A feira da terra pese embora não ser original e ter algumas falhas, é um oásis no panorama promocional do concelho.

Infelizmente os nossos "governantes" negligenciam, por clara incompetência, um sector de vital importância para o desenvolvimento do concelho. "Dá Deus nozes a quem não tem dentes".


Uma pergunta deixo no ar - "Será o lançamento da falada Candidatura Independente?"

9 comentários:

Anónimo disse...

Se é o lançamento da candidatura independente, força com ela. Os efeitos, esses vão concerteza ser positivos, pois desta forma a democracia é quem fica a ganhar.
Quanto maior for a abordagem dos assuntos melhor será para Mondim.
Parece que finalmente o 25 de Abril começa a chegar a nossa terra.

Anónimo disse...

Existe efectivamente, um numero considerável de mondinenses que vêm trabalhando nesse sentido, contudo o projecto - pese embora a necessidade de arrepiar caminho ? encontra-se em fase embrionária e conta com o apoio de todos aqueles que querem outro destino para Mondim, que não esta ?pasmaceira ?. Chegou a hora de passar das palavras aos actos. Temos todos responsabilidades, ou temos a consciência que é de facto imperioso mudar e actuamos nesse sentido, ou acomodamo-nos. A escolha essa é de cada um

Anónimo disse...

Boas. Queria desde já felicitar todos aqueles que estão a trabalhar para mudar o rumo de mondim.
Provavelmente vou dizer algo estupido ou uma verdade a La Palisse mas tb não tenho nada a perder.
Na minha humilde opinião, a unica forma de desenvolver o turismo em mondim é fazendo os acessos e tentar atrair investimentos.
Quanto à extracção de granito tenho muitas duvidas. Será que vale a pena desvastar daquela forma para vender pedra em bruto?

Anónimo disse...

Zé, gostei do teu texto, e achei a tua fundamentação bem elaborada. Como conheço também o teu apego a Mondim faz com que o tenha lido com redobrada atenção. São intenções válidas as que apresentas e notam, no mínimo, uma preocupação de concreto e de rigor. É sem dúvida um bom começo. Contudo não posso deixar de lembrar que fizeste parte de uma JSD que pactuou durante anos com este arrastar de situações. O silêncio nem sempre é d'ouro. Acredito que não queiras ficar prisioneiro deste passado. Como tal tens aqui, se quiseres, uma oportunidade de mostrar que o PSD de Mondim pode ser mais que um grupo de personagens intelectualmente ocas agarradas ao Poder. É necessária "massa cinzenta activa". Ao dares este primeiro passo fizeste depender de ti essa respondabilidade, e de todos os outros que até agora ainda não tiveram a mesma coragem para o assumir.
Acabo este comentário com um abraço e com a parte final de uma conhecida oração: "e não te deixes cair em tentação."
Dias Verdes

Anónimo disse...

Dias Verdes, é verdade que a imagem que passa da actividade do PSD, JSD e do próprio Zé, durante os últimos anos, era o apoio ao actual executivo. No entanto, as nossas posições, contra ou a favor sempre foram defendidas nos locais próprios: Orgãos do próprio Partido ou mesmo na Assembleia Municipal.
Nas últimas eleições autárquicas, a posição da JSD era que já deviam existir mexidas nas estratégias e nas pessoas que tinham acompanhado o Sr. Pinto de Moura, já que consideravamos que o trabalho até então efectuado pelo executivo não era o mais positivo. Nesse sentido, foram conseguidos alguns objectivos, entre eles destaco - dar vez e voz a elementos da JSD. O que foi conseguido, e algumas das nossas criticas e ideias foram ouvidas na Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia.

Considero também que o PSD de Mondim, não é um "grupo de personagens intelectualmente ocas agarradas ao Poder" senão vejamos:
- Ao longo dos últimos anos, o Partido que mais debate gerou em Mondim foi o PSD. Posso dar o exemplo das "Conversas de Café", Colóquios sobre Sexualidade, Debate sobre aa Comunidades Metropolitanas e Comunidades Urbanas. Não me lembro que algum partido da oposição em Mondim tenha tentado gerar o debate!?
- A actual Comissão Política Concelhia não é constituída por nenhum elemento do executivo;
- Intervenções dos membros do PSD, nos orgãos autárquicos: Assembleias de Freguesia e Assembleia Municipal;

Eu próprio, considero que é altura de efectuar mudanças mas, olhem a oposição! O PS tem um bom candidato, mas qual é a equipa? Como se costuma dizer em Mondim, "São os do costume!" e eu acrescentaria sem ideias e projectos. Ao longo do mandato, é certo que criticaram as mais diversas situações que conhecemos, mas ... Como as vão resolver?

Apesar de tudo continuo a ser do PSD e a fazer parte da lista à Junta de Freguesia de Mondim (da qual já fazia parte), mas não apoio nem apoiarei o Senhor Pinto de Moura à Câmara Municipal.

Anónimo disse...

Talvez o problema de mondim seja haver tanta gente dependente do estado :)

AtoMo disse...

Boas!
Primeiro gostaria de felicitar a intervenção do Zé Pires. Pessoalmente, concordo com o teu texto. A ausência de estratégia para o Turismo e a promoção de Mondim através de "Robertos Leal" ou "Santos e Pecadores" (o mesmo se fosse "DaWeasals" e "Tonis Carreira"), são assuntos já colocados para discussão no "Casa do Eiró".
Em segundo lugar, é com um pouco de orgulho, e aqui falo em nome da equipa, que vemos este Blogue servir para a apresentação pública de um projecto que poderá mudar a forma como vemos e fazemos política em Mondim Basto, mesmo salvaguardando o facto de ser ainda um projecto! Ou será já uma certeza?

Ao que parece, este ano as eleições autárquicas vão apresentar um numero elevado de listas independentes. Vejo isto como um indicador do fraco "serviço" prestado pelos partidos à sociedade. Não consigo perceber, como é possivel discordar "radicalmente" com as medidas tomadas por um executivo da mesma "cor" política, e ao mesmo tempo, em nome da estabilidade desse partido, manifestar a seu apoio a essas medidas, sabendo bem, o quão prejudicados todos estamos a ser.
É triste, ver que a dada altura, quando entramos para um partido, corremos o risco de nos deixarmos "silenciar", compremetendo caso contrário, a nossa continuidade nesse partido.

Ora, não estando nós interessados em compactuar com este tipo de situação, por muita vontade que houvesse de tomar parte activa na vida política mondinense, não haveria outra forma de lá chegar. Esta iniciativa, servirá na pior das hipóteses, para mostrar que isso acabou.

Não querendo parecer um agente desanimador, no caso desta lista independente vejo as coisas muito complicadas. Peca por estarmos "em cima" das eleições, e não vejo para além da revolta, uma motivação comum, que leve a reunir uma lista nesta altura do "campeonato". Também é verdade que os próprios partidos ainda se encontram nessa fase. Mas ou é para ser diferente, ou então...
Espero sinceramente ser surpreendido pela positiva no jantar divulgado, ao qual não faltarei, se assim o entenderem.

Agradeço a participação do Zé Pires, e espero sinceramente que continues connosco.

Anónimo disse...

Finalmente a ideia de uma lista independente ganha alguma força.

Mas até quando??

E com quem??

Anónimo disse...

Nesta altura já não é (tão) importante saber se o Zé (e outros) compactuavam com as medidas tomadas.

Os textos aqui deixados são a prova evidente de que pelo menos cansaram-se de tudo quanto foi feito pelo actual executivo.

Agora, "só" têm que mostrar aos mondinenses qual o rumo certo a tomar, de forma a que também eles os possam acompanhar.